segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Edson Gomes

Nascido em Cachoeira, a 120 km de Salvador, Edson Gomes pensava em ser um craque de futebol. Aos 16 anos, porém, a tendência musical foi mais forte e ele abraçou a carreira artística, ao ganhar o 1º lugar em um festival estudantil do colégio estadual de sua cidade natal. A música era "Todos Devem Carregar Sua Cruz". As dificuldades do inicio da carreira fazem o jovem Edson Gomes abandonar os estudos e lançar-se no mercado de trabalho.
Edson parte para São Paulo em 1982 e se emprega no setor de construção civil. Paralelamente, o cantor tece seu caminho musical: grava um compacto simples, como melhor intérprete do Festival Canta Bahia, e um outro pelo Troféu Caymmi, quando ganhou com a musica Rasta.
Seis anos depois, em 1988, gravou o disco Reggae e Resistência, de onde saiu seu primeiro hit nacional: a romântica Samarina.
Nesse trabalho já estava delineado seu estilo: um roots reggae engajado, profundamente inspirado por Bob Marley e Jimmy Cliff. Foi o primeiro disco lançado pela EMI.
Em 1990, lança seu segundo disco, Recôncavo. Em 1992, sai o terceiro LP, Campo de Batalha. O sucesso se espalha pelo Nordeste e pelo Brasil. Em 1996, Edson abre o show de Alpha Blondy em Salvador, realizado no Costa Verde Tênis Clube, onde tocou para quase 22.000 pessoas que cantaram suas musicas. Foi o maior evento de reggae do ano na Bahia.
O quarto disco, "Resgate fatal", chega em 95, com sucesso absoluto de vendas e de rádios, emplacando a canção Isaac. Apocalipse, lançado em 1999, traz músicas contundentes como Camelô (Edson Gomes / Zé Paulo Oliveira), O país é culpado e Apocalipse (também do autor); porém, Edson explora seu lado romântico em canções como Perdido de Amor (que chegou a ser gravada pela Timbalada), Amor Sem Compromisso, Me Abrace e outras. Seu mais recente álbum foi lançado no ano passado e se chama "Acorde, Levante e Lute".
No mesmo ano de 1999, Edson deixa a gravadora EMI, que resgata os sucessos antigos do reggaemen, lançando-os na coletânea dupla Meus Momentos, com grande aceitação do público.
O cantor tem uma legião fiel de seguidores, devido aos dramas sociais do cotidiano, embora não tenha uma grande fama nacional, devido a suas críticas a vários setores da sociedade. Em 2001, lançou seu primeiro disco independente, Acorde, Levante e Lute.
Seu trabalho mais recente é Ao Vivo em Salvador, seu primeiro CD e DVD ao vivo, registro de um show no parque aquático Wet'n'Wild de Salvador, Bahia, em dezembro de 2005.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Anelis Assumpção

É nesse retrato do agora que Anelis Assumpção aparece com disco novo. Seu segundo disco. Depois de gerar um filho e digerir mais da vida, ela manda na lata "Cê tá com tempo? Eu tô aqui pra jogar conversa dentro". E aí você desfragmenta de imediato. No trânsito, na rede, no corre ou no mole. Como não? Quem pede é uma mulher com dicção clara e um timbre que suaviza o que tá dentro e o que tá fora. Cremoso. Tô dentro, Anelis! E assim o disco começa, com essa sedução direta. Um convite na reta. Vamos nessa. Me leva! Tô com tempo. Aceito. "Eu gosto assim", diz uma das músicas. Como é bom começar gostando e seguir com vontade de gostar.

Quando você escuta um disco por uns dias ele entra na sua língua, você aprende a cantar junto, deixando as letras entrarem um pouco ou muito na sua história. Todo mundo vira intérprete quando engole um disco. "Anelis e os Amigos Imaginários" é um disco desses de se engolir. De se viver e desfrutar cada pedaço-trecho, cada faixa-fatia. E inteiro.

O trabalho foi produzido pela cantora e pelos músicos arretados Bruno Buarque, Cris Scabello, MAU e Zé Nigro. Uma produção coletiva e certeira que é sentida sutilmente na assinatura individual de cada um. 
Não pra menos, eles fazem parte da banda que acompanha Anelis desde o começo de sua carreira solo e que agora dá nome ao disco: ‘Anelis Assumpção e os Amigos Imaginários'.
Nome encontrado pra banda numa coxia da vida, aquele momento único. Pimba!
Além dos rapazes, a banda conta com a guitarrista Lelena Anhaia e o trombonista Edy Trombone no bando. Essa liga coesa entre pessoas que tem intimidade e compatibilidade sonora e gentileza poética para transitar entre os versos e frases sugeridas por Anelis, fazem a diferença absoluta para a sonoridade do disco. Eles se completam. Anelis e seu bando trocam fluídos o a cada frame canção. E se divertem. Um disco de bando. Um som de banda.
Quase que ao vivo, possibilidade para mestres e íntimos. Neste caso. Temos os dois.
Está tudo nítido, baixo, bateria, guitarras, teclados, efeitos, voz. Mérito também do nova-iorquino Victor Rice, produtor e mestre em sonoridades jamaicanas, responsável pela elegante mixagem das músicas. 
Afinidade já sentida em Not Falling, single produzido e lançado em 2012 por Anelis e os Amigos Imaginários ( na época a banda ainda não tinha este nome) e mixado pelo mestre Victor com direito a uma dub version no lado B do compacto. Um luxo!
Aliás, todas as faixas de 'Anelis Assumpção e os Amigos Imaginários', contam com versões dub que 'um dia serão lançadas', o que nos dá a deliciosa sensação de que poderemos desfrutar ainda mais dessa brincadeira de bando sem fim. 

Segura, suave, forte, Anelis canta o amor, a individualidade, o tempo e os nós. É spiritual but not religious. Faz love songs unissex. São onze músicas e um poema falado. A voz contralto surpreende em agudos sutis, sussurros roucos e graves firmes. Impossível não ficar seduzida pelo seu canto. Das canções, três são em parceria. “Devaneios”, com o baiano swingado Russo Passapusso é uma música para se dançar. Deixar-se levar pelo baixo, programações + Russo e Anelis. Nela, a filha de Itamar Assumpção, morador da Penha e criador de orquídeas, canta “na minha casa no cume da Lapa por entre as camélias” e você pode sentir sua origem. Um pouco no som e muito no jardim de Anelis. “Declaração” junta a cantora com Céu e Kiko Dinucci, que recita a letra e toca uma guitarra al dente. A música é a cara dos três, fala dos “impostos do coração” (no sentido de tributos) e é completada por Rodrigo Campos na guitarra e no coro. E por falar em entrosamento, o rock “Minutinho”, feita com os irmãos Alzira E. e Jerry Espíndola e o poeta Arruda, confirma a liga entre entre eles que são parceiros frequentes (o primeiro disco traz duas parcerias com os irmãos Espíndola).

As outras faixas são só de Anelis. Todas e inteiras. “Cê tá com tempo” abre o disco no atemporal e no meio dela Cris Scabello manda um riff de guitarra que te faz querer seguir em frente. Mais ainda. Em “Eu gosto assim” Anelis diz que “pra me sacar não tem segredo”. Balada com tempero latino e congas de Maurício Badé. Gostosa. “Mau Juízo” tem toques de dub classudo. O disco tem a força e a graça dos arranjos de metais feitos por Anelis, Zé Nigro e Edy Trombone. A balada roots “Inconcluso” é cantada deliciosamente em castellano y habla de um homem inacabado, em processo. Assim como todos os homens que existem dentro da gente. Em “Por que” Anelis acerta dentro. Bate no passado e no futuro e você acha que a música foi feita pra você. “Toc toc toc” traz a conclusão de que estaremos sempre no risco. Só que na pista. Em “Song to Rosa” Anelis recebe as amigas Céu e Thalma de Freitas, suas parceiras no trio Negresko Sis. Juntas, tecem melodias que ficam no “repeat” da cabeça (a música recebeu o olhar da videoartista/cantautora Ava Rocha e está disponível no Youtube no canal de Anelis). “Deuso Deusa” é a última música do disco. Ritualiza o fim e propõe um começo. Orikí mantra canto reza som. 

Arnaud Rodrigues

Antônio Arnaud Rodrigues (Serra Talhada, 6 de dezembro de 1942 — Lajeado, 16 de fevereiro de 2010) foi um ator, cantor, compositor, redator e humorista brasileiro.
Trabalhou nos programas de Chico Anysio na TV Globo e em vários outros programas humorísticos, tanto como ator quanto como redator.
Na década de 70 formou com Chico e o instrumentista Renato Piau o grupo musical Baiano & os Novos Caetanos, no qual interpretava o cantor Paulinho Cabeça de Profeta.
 A iniciativa rendeu três discos de estúdio, alavancando também a carreira de músico de Arnaud, que acabaria lançando mais alguns álbuns a solo.
Em 1978 Arnaud Rodrigues gravou a faixa A Carta de Pero Vaz de Caminha, integrada no disco Redescobrimento, o primeiro reggae gravado no Brasil.
Arnaud Rodrigues é também creditado como um dos precursores do rap brasileiro. A sua faixa, Melô do Tagarela, que foi lançada em compacto pela RCA em 1979 e cantada e falada por Luiz Carlos Miéle, sob uma sampleiada de Rapper's Delight, do grupo americano Sugarhill Gang, foi a primeira versão de um rap gravado no Brasil.
Na teledramaturgia teve alguns trabalhos marcantes, como o Cego Jeremias, cantor ambulante da versão de 1985 da novela Roque Santeiro, além do imigrante nordestino Soró, personagem ingênuo e bem-humorado criado pelo escritor Walter Negrão para a novela Pão Pão, Beijo Beijo.
 Soró fez tanto sucesso entre o público que Arnaud voltaria a interpretá-lo no filme Os Trapalhões e o Mágico de Oróz.
Na década de 1980 integrou o grupo de humoristas do programa A Praça é Nossa sob o comando do veterano Carlos Alberto de Nóbrega, onde interpretou personagens como "O Povo Brasileiro" (sempre pobre e cansado), o mulherengo "Coronel Totonho", e o cantor sertanejo "Chitãoró" (uma sátira à dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, no quadro "Chitãoró e Xorãozinho" onde atuava ao lado do comediante (e posteriormente diretor da Praça) Marcelo de Nóbrega.
Em 1999, após realizar dois shows na cidade de Palmas, decidiu se mudar com a família para o Tocantins, onde assumiu a função de dirigente do Palmas Futebol e Regatas.
Em 2004 deixou a Praça para se dedicar a seus shows solo e ao futebol, mas em 2010 planejava seu retorno ao elenco do humorístico, além da produção de um programa de variedades em um canal de televisão Tocantins.
No dia 16 de fevereiro de 2010, Arnaud estava com mais dez pessoas em um barco no lago da Usina de Lajeado, a 26 quilômetros de Palmas, capital do Tocantins quando, por volta das 17:30, a embarcação virou devido a uma forte chuva com ventania característica da região nessa época do ano. Nove ocupantes do barco (entre eles a esposa do humorista e dois de seus netos) foram resgatados por moradores da região, mas o corpo de Arnaud só seria encontrado pelos bombeiros horas mais tarde, enquanto o piloto do barco permanecia desaparecido. Apesar de saber nadar, o longo tempo de permanência na água, provavelmente tornou fatal o ocorrido.

Carreira:
Televisão
1972 - Linguinha .... Espião
1973 - Chico City .... Paulinho
1975 - Azambuja & Cia (seriado) .... Bililico
1982 - Lampião e Maria Bonita (minissérie) .... motorista (participação especial)
1983 - Pão Pão, Beijo Beijo (telenovela) .... Soró
1983 - Bandidos da Falange (minissérie) .... Gaguinho
1984 - Partido Alto (telenovela) .... Mr. Soul
1985 - Roque Santeiro (telenovela) .... Cego Jeremias
1987 - Expresso Brasil (telenovela) .... Cego Jeremias
Cinema[editar | editar código-fonte]
1971 - O Doce Esporte do Sexo
1973 - Uma Negra Chamada Tereza
1984 - Os Trapalhões e o Mágico de Oróz
1984 - A Filha dos Trapalhões
Discografia[editar | editar código-fonte]
1970 - Sound & Pyla (LP)
1970 - Tilim - Trilha Sonora da Telenovela (LP)
1974 - Murituri (LP)
1974 - Baiano & Os Novos Caetanos volume 1 (LP)
1975 - Baiano & Os Novos Caetanos volume 2 (LP)
1976 - O Som do Paulinho (LP)
1977 - Cuca Fresca (LP)
1978 - Redescobrimento (LP)
1982 - Baiano & Os Novos Caetanos - A Volta (LP)
1985 - Sudamérica (LP)
1987 - Arnaud Rodrigues (LP)
1998 - Coronel Totonho - vol.2 (LP)

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Max Viana

Max Viana nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1973, é filho do músico Djavan. Em suas influências musicais estão ritmos como jazz, soul music, black music, MPB e flamenco.

Largou a faculdade de Economia para estudar no Guitar Institute of Technology, em Los Angeles, onde teve aulas com feras como o guitarrista Scott Henderson.

Ao voltar para o Brasil tocou com o charmeiro Edmon, gravou com Zé Ricardo, integrou a banda Sindicato Soul por três anos ao lado do vocalista Sergião Lorosa (atual Monobloco). Fez parcerias com Jair Rodrigues em canções como "Domingo de Verão" e "Prazer e Luz".

Em shows de Bernardo Lobo, dividiu palco com Chico Buarque, Milton Nascimento e Edu Lobo.

Investiu em aulas de canto para defender as músicas que escrevia. Foi em 98 a partir de "Bicho Solto" que Max passou a participar dos discos e shows do pai, foram três anos de estrada.

Nesse mesmo ano deu inicio a gravação do que viria a ser o seu primeiro disco solo "No Calçadão", que devido às gravações de "Milagreiro", de Djavan, teve de esperar até o ano de 2003.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Jair Oliveira

Jair Oliveira (São Paulo, SP, 17 de março de 1975), outrora Jairzinho, é músico brasileiro e filho do também cantor Jair Rodrigues e irmão da cantora Luciana Mello. É casado com a atriz Tânia Kalil.
Quando criança, fez parte da turma do Balão Mágico que tinha programa na Rede Globo de Televisão e, durante a década de 1980, obteve grande sucesso entre o público infantil.
Após o fim do Balão Mágico, fez carreira ao lado de Simony com relativo sucesso, mas após um tempo abandonou a carreira e dedicou-se aos estúdios de música nos EUA.

Ao lado da irmã e de outros músicos, filhos de famosos: João Marcelo Bôscoli, Pedro Mariano, Max de Castro, Wilson Simoninha e Daniel Carlomagno, lança trabalho inovador, registrado pela gravadora Trama e inicia sua nova fase pela música popular brasileira.
Em sua carreira solo, Jair Oliveira marca sua estréia, ainda como Jairzinho, em "Dis'ritmia". Na seqüência, o músico, produtor e cantor se registra artisticamente como Jair Oliveira e lança 'Outro'. Seu terceiro trabalho solo, também pela gravadora Trama é dividido em duas partes, os cds 3.1 e 3.2. Este último lançado para ser baixado gratuitamente pela Internet.

Após parceria de sucesso e de grande crescimento e desenvolvimento profissional, Jair Oliveira transcende seu talento e lança em 2006 seu cd 'Simples', independente, pelo selo S de Samba, onde é um dos sócios.

Max de Castro

Max de Castro (Rio de Janeiro, 14 de novembro de 1972) é um cantor, compositor, multiinstrumentista, produtor e arranjador brasileiro.

Em 2000 lançou “Samba Raro”, produzido, arranjado, tocado e composto por ele. O álbum teve ótima receptividade de público, crítica e amigos músicos – Ed Motta o classificou como trabalho de “gênio”, Nelson Motta diz que é um dos melhores discos já lançados e Lobão o convidou para produzir a faixa “Decadence avec elegance”. Max de Castro recebeu o prêmio APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte - como Revelação em 2000.

Em 2001 produziu faixas nos discos de Roberto Frejat, Paula Lima, Kid Abelha, Leandro Lehart,Tom Zé, além de remixes para Ed Motta, Fernanda Porto, Wax Poetic. Seu trabalho também teve boa repercussão internacional, principalmente nos Estados Unidos e Europa, onde passou a tocar regularmente. Em 2002, após lançar seu segundo disco, Orchestra Klaxon, Max de Castro apareceu na capa da revista americana Timea o lado de Shakira e outros, numa reportagem especial sobre as novidades da música global.

Eleito pela APCA como o artista do ano de 2005, após o lançamento de seu terceiro álbum “Max De Castro”. No mesmo ano ainda colaborou com DJ Suv do aclamado grupo ingles Roni Size Reprazent, e lançou exclusivamente na inglaterra um single com a música “Febrery. Na França lançou um ep com o DJ Kid Loco. Ao voltar mais uma vez à Europa estendeu sua turne pela primeira vez aos países do leste europeu como Russia e Ucrania.

Seu último álbum, "Balanço das Horas", lançado em 2006, esteve novamente em várias listas como um dos melhores lançamentos daquele ano. Música Pop, samba, hip hop, jazz, post-rock, dub, soul music, funk batidas eletrônicas, efeitos e distorções estão no arsenal de Max. Com as mais variadas referências, seu trabalho cresce a cada nova audição, requer atenção em cada detalhe, cada curva e cada acorde tem histórias acumuladas.

Em 2008 além de ter produzido o disco de seu irmão Wilson Simoninha, “Melhor”, tem se dedicado também a direção e concepção de shows especiais como foi o caso de “As curvas da estrada de Santos-uma viagem pela obra de Roberto Carlos” que além dos arranjos e direção de Max contou com a participação de Zé Renato, Vania Abreu, Bruno Morais e Pedro Mariano. E também “Os Afrosambas” um tributo ao álbum de Baden e Vinícius que Max reinterpreta essas canções ao lado da cantora Fabiana Cozza.

Simoninha

Wilson Simoninha é filho de Wilson Simonal, uma das grandes vozes dos anos 60 e dono de um balanço e divisões rítmicas de primeira.
Do pai, além do timbre vocal e da semelhança física, herdou o nome, que modificou um pouco para diferenciar-se.
Simoninha lançou o CD "Volume 2", bem recebido pela crítica, praticamente na mesma época em que seu irmão, Max de Castro, saiu no mercado com "Samba Raro". Em seu trabalho, evocou uma MPB dos anos 60, passando pelo soul, samba e bossa nova.

Homenageou o pré-bossanovista Johnny Alf com "Eu e a Brisa" e Jorge Ben Jor na vinheta "Mas Que Nada" e na suingada "Bebete Vãobora", com releitura eletrônica. Ben Jor, aliás, é autor de um dos maiores sucessos na voz de Wilson Simonal, "País Tropical".
Simoninha assinou "Orgulho", dividiu parceria com Bernardo Vilhena em "Aquele Gol" e cantou "Agosto", do irmão Max de Castro.

O cantor praticamente saiu do berço trabalhando. Aos seis anos, fez a voz do personagem Cebolinha no disco "A Turma da Mônica".
Nos anos 80, integrou a Banda do Zé Pretinho de Jorge Ben Jor, que na época ainda assinava Jorge Ben; também formou a Suite Combo, ao lado de João Marcello Bôscoli, hoje diretor da gravadora Trama, responsável por "Volume 2". Nos anos 90, Simoninha trabalhou na produção do Free Jazz e do Hollywood Rock.

Em 1995, participou do disco "João Marcello Bôscoli & Cia". Recentemente, apareceu em "Artistas Reunidos", registro ao vivo de um show que reúne ele, o irmão Max de Castro, dois filhos de Jair Rodrigues — Jairzinho e Luciana — e Pedro Camargo Mariano, filho de Elis Regina e meio-irmão de João Marcello.
Simoninha ainda atua nos bastidores da música, como diretor de uma das subdivisões da Trama, cuidando de nomes como Baden Powell, Demônios da Garoa e a Banda de Pífanos de Caruaru, entre outros.

Wilson Simonal

Wilson Simonal de Castro nasceu no Rio, em 1939. Ao servir o exército começou a cantar nas festas do regimento. Depois da baixa das forças armadas começou a cantar em shows, principalmente rocks e calipsos, cantados em inglês. Por volta de 1961 foi descoberto pelo produtor e compositor Carlos Imperial e aí começa sua carreira profissional. Em 1963 é lançado pela Odeon o LP "Wilson Simonal tem algo mais", com arranjos do veterano Lyrio Panicali. Esse disco contava com sucessos da bossa nova como "Telefone" e "Menina flor". "Amanhecendo", de Roberto Menescal e Lula Freire, que tinha uma gravação bem sucedida com "Os Cariocas", recebeu aqui um tratamento suingado, jazzístico, com um resultado impressionante. Não havia dúvidas, estava ali um potencial grande cantor. Comprei agora os CDs para ouvir de novo algo que não ouvia há uns bons 40 anos e confirmei que ainda gosto. Surpreendeu-me a voz jovem do cantor principiante. (Um parêntese, é um saco ser obrigado a comprar uma caixa de 8 CDs, ou como me aconteceu recentemente com Nara Leão, uma caixa de 14 — que não comprei).

O LP seguinte, o segundo da fase bossa nova, foi "A nova dimensão do samba", de 1964. Arranjos de Panicali e do novato Eumir Deodato. Esse abria com "Nanã", do genial Moacir Santos. Contava com "Só saudade" e "Inútil paisagem", de Tom, "Rapaz de bem", de Johnny Alf, entre outros. Acho que a faixa mais impactante era "Nanã". Este disco confirmava o grande cantor. Simonal começava a ganhar a fama de melhor cantor da bossa nova, aproveitando-se da reclusão do papa João Gilberto, que raramente cantava. (Eu, que era fanático por João desde o 78 rotações com "Chega de saudade", de 1958, só cheguei a vê-lo ao vivo lá por 1980.)

O terceiro LP foi "Wilson Simonal", lançado em março de 65, menos de um ano depois do anterior, fato raro no Brasil. Novamente arranjos de Lyrio Panicali e Deodato. Para mim a faixa impactante foi "Chuva", de Durval Ferreira e Pedro Camargo. Tinha ainda algumas músicas de Ary Barroso, outras de Carlos Lyra, Tom Jobim, e "Rio do meu amor", de Billy Blanco, que Simonal defendeu num festival da época. E tinha, para choque dos fãs da bossa nova, uma canção que estava mais para rock do que para MPB, "Juca bobão". Era o prenúncio da queda.

Deixando de lado tantos detalhes, Simonal gravou algum tempo depois disto uma canção chamada "Mamãe passou açúcar em mim". A letra dizia mais ou menos assim: "Eu era neném, não tinha talco, mamãe passou açúcar ni mim". A idéia é que o narrador tinha ficado tão doce que as mulheres, a vida inteira, corriam atrás dele. Um besteirol total, como letra e como melodia. Pois foi essa canção que levou o cantor para a popularidade com o grande público, fazendo com que chegasse a rivalizar com Roberto Carlos na preferência do público. Tinha nascido a pilantragem, nome que ele deu a esse estilo iniciado com "Juca bobão" e consagrado com "Mamãe passou açúcar…".
Os amantes da música de boa qualidade ficaram chocados com esse barateamento de um talento e se afastaram de Simonal. Mas talentoso ele continuou. Não assisti à famosa cena em que, no Maracanãzinho lotado, ele colocou o público para cantar, em duas vozes, fazendo com que todos cantassem afinados e no tempo certo. Quem assistiu diz que foi impressionante. Mas assisti em 1970, e vi de novo agora em vídeo que está disponível no YouTube, ao dueto dele com Sarah Vaughan, transmitido pela TV Tupi. Em duas canções, "Oh happy days" e "The shadow of your smile", o jovem cantor de 30 anos dialoga com uma das rainhas do jazz, de 45, de igual para igual, improvisando, variando, e sendo tratado por ela absolutamente como um igual. Novamente, é impressionante.


O crime

De repente Simonal sumiu. Parou de fazer shows, não gravou mais. Aos poucos os fatos se espalharam pelo Rio: Simonal seria dedo-duro do DOPS — o famigerado Departamento da Ordem Política e Social, para onde eram levados os presos políticos. Qualquer músico que tocasse com ele iria para uma lista negra e não tocaria mais. O cantor precisava no mínimo de um pianista, de preferência um baixista e um baterista também. SIMONAL NUNCA MAIS CANTOU. Sobreviveu mais de vinte anos sem poder cantar, até morrer de cirrose causada por alcoolismo. Eu me lembro do diálogo que tive com um amigo que tocava contrabaixo:



"É verdade essa história de dedo-duro?", perguntei.

"Não tenho a menor idéia", foi a resposta.

"Mas então por que você não toca com ele?"

"Porque se eu tocar com ele fico proibido de tocar, ninguém mais vai tocar comigo."

A proibição foi 100% eficaz, e durou até a morte de Simonal.

Não vi esse novo documentário, mas li tudo que achei nos jornais sobre ele. Eis os fatos reais, de acordo com o relato de diferentes pessoas: Simonal achava que seu contador o estava roubando, e contratou dois meganhas para dar uma surra no mesmo. O surrado deu queixa na polícia e o cantor foi processado e condenado — entendo que não foi preso por ser criminoso primário. A história se espalhou e muita gente do meio musical cobrou de Simonal por que ele teria mandado dar a surra.

Acontece que os meganhas contratados por ele eram do DOPS, tinham feito um bico no horário de folga. Simonal, que tinha um lado infantil e mentiroso, passou a espalhar: "Ninguém mexa comigo porque eu tenho amigos no DOPS". Essa mentira, somada ao fato de que o cantor era visto como favorável ao governo militar, fez com que alguma misteriosa entidade dona da verdade "politicamente correta" decretasse o banimento dele. Ninguém sabe, ninguém viu, quem era essa misteriosa pessoa, ou grupo de pessoas, que teve esse poder monstruoso: decretar a morte profissional de um grande artista. (Não me esqueço de que ele tinha prostituído seu talento, mas ouso pensar que quando essa moda idiota da "pilantragem" se esgotasse algum arranjador de talento o convenceria a gravar música de boa qualidade novamente. Que tal um disco Simonal/Luis Eça?)

Resumindo: um grande artista, aos trinta e poucos anos de idade, foi privado do exercício da sua profissão e de seu talento com base numa mentira sórdida. E o meio musical se acovardou e aceitou isso calado.

O que você acha de perseguições, como a de Wilson Simonal, baseada em divergências políticas? É razoável que a carreira de um artista seja impedida de continuar só porque os que dominavam o pensamento intelectual da época nao concordavam com as suas idéias?

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Orquestra Afro-Brasileira

Quando o maestro Abigail Moura entrava no palco era como se arrastasse consigo todas as forças cósmicas. Nos bastidores, tal qual um sacerdote, fazia uma oferenda aos deuses em busca de captar boas vibrações, dava comida aos atabaques, sacralizava os instrumentos, tomava um banho de ervas purificadoras e submetia as roupas dos músicos a um ritual religioso.  De 1942 a 1970, Moura esteve à frente da ousada e vanguardista Orquestra Afro-Brasileira, projeto musical criado por ele para valorizar a memória e a cultura negra.

Em sua música interpretada como exótica por alguns, difícil por outros e nada comercial por todos, entronizou a percussão como alma da orquestra, fundiu os ritmos ancestrais africanos ao jazz e à música erudita. Colocou instrumentos “primitivos” ao lado de “civilizados” e inspirou-se nas cantigas que ouviu da avó na infância, nas lembranças da família e nos cantos de umbanda para compor as canções que, de acordo com sua definição, boiavam no mistério e se projetavam pelo inexplicável.

Até 25 de janeiro, o Museu Afro Brasil, em São Paulo, exibe Breves Notícias: Abigail Moura e Orquestra Afro-Brasileira, mostra que reúne manuscritos de textos e poemas, partituras, cartazes de audições e fotografias do maestro e dos músicos. A exposição é pequena, especialmente a se considerar a importância do homenageado. O acanhamento é, contudo, justificável, pois pouco se sabe acerca do músico autodidata nascido em Minas Gerais e radicado no Rio de Janeiro, cujo talento vanguardista arrebanhou devotos como Eleazar de Carvalho, Camargo Guarnieri e Câmara Cascudo.


Em 30 anos de atuação, a Afro-Brasil fez somente cerca de cem apresentações e lançou dois discos, Obaluayê (1957) e Orquestra Afro-Brasileira (1968). Raridades ambos, o primeiro LP ganhou edição em CD em 2003, encartada em brochura baseada na pesquisa do antropólogo especializado em música Grégoire de Villanova a convite de Emanoel Araujo, à época curador da exposição Negras Memórias, Memórias de Negros e hoje à frente do Museu Afro Brasil.

“Moura tinha enorme curiosidade sobre a África e a questão afro-brasileira. Era um músico consciente de suas raízes, engajado na conquista de uma memória sagrada e profana”, diz Araujo. Para o franco-brasileiro Villanova, habituado a viagens por Caribe, África e América Latina em busca de raridades em vinil, a importância maior de Moura foi criar um som único, um gênero que se aproxima da música clássica afro-brasileira. “Ele resgata instrumentos muito antigos e os usa quando não fazem mais parte da organologia afro-brasileira. Poucos artistas fizeram isso nos últimos dois séculos.”

A fusão estabelecida entre o que considera primitivo e civilizado coloca lado a lado instrumentos da tradição ritual jeje-nagô, como o trio sagrado de tambores denominados rum, de som grave, rumpi, de registro médio, e lê, de som agudo (o pai, a mãe e o filho), o agogô, condutor do ritmo, conguê e adjá, sinetas metálicas, berimbau e urucungo, da família dos arcos sonoros africanos. A completar a maravilhosa “cozinha” percussiva, o ganzá e a angona-puíta, avó da cuíca brasileira. Com a finalidade de fazer um contraponto ocidental, a Orquestra Afro-Brasil trazia dois saxes-altos, dois saxes-tenores, três clarinetas, três trompetes e dois trombones.

Um tom místico e ancestral emanava especialmente da voz profunda da solista Maria do Carmo. De vestido longo, beleza negra evocativa de Billie Holiday, ou paramentada como baiana, envolta em bata branca, colares e pulseiras de contas a conferir aura de rainha, a contralto teria sido a inspiração para Moura criar a orquestra.  Num episódio que reforça a mística em torno da Afro-Brasil, Carmo interpretava de modo sublime um canto religioso quando enlouqueceu em cena. Nunca mais voltou aos palcos.


Pobre e líder de uma orquestra em que a maioria dos músicos era formada por amadores que tocavam por amor à arte, Moura cantou uma África onde nunca colocou os pés, cuja força vinha da ancestralidade. Na análise do ideólogo Abdias do Nascimento, o maestro “jamais se dobrou aos apelos bastardos da comercialização” e não se deixou “corromper pelos cantos de sereia ideológicos”. Com um projeto tão ousado quanto impopular, quem seria o público da Afro-Brasil? “Moura estava inserido num contexto mais intelectualizado de burguesia negra e a pessoas muito ligadas à música que entendiam o que ele fazia”, diz Villanova. Entre a elite que ia às apresentações estavam o poeta e teatrólogo Paschoal Carlos Magno, o maestro José Siqueira e musicólogos  como o dinamarquês Hans Jorgen Pedersen.


Único remanescente da orquestra com carreira profissional ativa, Carlos Negreiros procura perpetuar o ideário musical de Moura. “Ele é um mestre em percussão e foi cantor solista da Afro-Brasil”, conta Villanova. “Percebo na forma estética de Negreiros o som do maestro. Ele tem formação clássica e talvez a ligação esteja aí, no desejo de fazer música erudita afro-brasileira. Ambos usaram raízes totalmente diferentes, a priori conflitantes, para criar algo ímpar.”

Depois da morte de Moura, em 1970, Negreiros tentou refazer a orquestra. Não deu certo.  Numa consulta a um terreiro de umbanda foi aconselhado a jogar no mar tudo o que se referisse à big band e acabar de vez com a Afro-Brasil.

Trinta e seis anos após o desaparecimento de Moura, surge na Bahia a Orkestra Rumpilezz, que bebe da mesma fonte. A big band criada pelo maestro Letieres Leite em 2006 parte do universo rítmico das ruas de Salvador, do sacro ao profano, dos toques de umbanda e candomblé. O nome do grupo é uma aglutinação dos três tambores primordiais, ru, rumpi e lê, acrescido dos dois zês da palavra jazz.

“Conheci o trabalho do Moura por meio do Ed Motta. Fiquei abismado com a beleza da obra. O maestro foi inovador, especialmente para a época, tanto que sofreu problemas sérios de preconceito, pois era uma orquestra de negros com toques de percussão. Bebemos da mesma fonte, a diferença é que buscamos conexões com a música contemporânea, dos arranjos às formações rítmicas”, diz Leite. Com 20 integrantes, 14 nos sopros, o maestro no sax, e 19 na percussão, a Rumpilezz faz a fusão de música negra ancestral e jazz.


Se a Rumpilezz não se entrega à ritualização como a Afro-Brasil, mergulha com tudo no universo sonoro dos terreiros, coloca pimenta no caldeirão e serve um prato borbulhante.  “Todos os percussionistas são ligados ao terreiro. Eu sou filho de santo, somos todos macumbeiros.”

Para Leite, que quando jovem aluno da Universidade Federal da Bahia matava aulas de artes plásticas para tocar flauta e corrigiu o prumo ao entrar para o Conservatório Franz Schubert, em Viena, a reação do público surpreende. “Achei que nosso som se destinasse a plateias restritas. Mas a receptividade é muito boa, vamos do Teatro Municipal do Rio a uma praça .”

Arranjador de artistas como Lenine e Gilberto Gil, o maestro traz a Rumpilezz a São Paulo dias 19, 20 e 21 de dezembro (Sesc Belenzinho). Em julho de 2015, junta-se ao saxofonista norte-americano Joshua Redman em turnê pela Europa. “Tudo será gravado, preparamos o segundo álbum autoral.” O primeiro foi lançado em 2009.

Segundo Motta, entusiasta do trabalho do maestro baiano, Leite é sucessor legítimo de Moura. “Ele diz que herdei o bastão. Acho certo exagero, mas na qualidade de orquestra afro-brasileira talvez sejamos a continuidade.” Assim como o quase esquecido antecessor, que Villanova equipara ao norte-americano Sun Ra e ao nigeriano Fela Kuti (“eles inventaram um estilo musical”), Leite vai além de perpetuar a tradição afro-brasileira. Nas palavras do pesquisador, o intuito de Moura era “a vontade de criar uma grande música e participar da beleza universal”. Objetivo maior certamente compartilhado por Leite.

Djalma Corrêa

Djalma Novaes Corrêa (Ouro Preto, 18 de novembro de 1942) é um instrumentista (contrabaixo, bateria e tambor) e compositor brasileiro.

Formou-se em Salvador, onde estudou percussão e composição na Universidade Federal da Bahia (UFBA) com professores como Walter Smetak, Hans-Joachim Koellreutter, entre outros.

Desenvolveu em parceria com o Goethe Institut, o projeto "The German All Stars Old Friend", um festival de jazz do qual reúne músicos alemães aos de outros países.

Discografia:
(1978) Gilberto Gil e Djalma Corrêa
(1978) Baiafro: Musica Popular Brasileira Contemporânea
(1987) Quarteto Negro (Paulo Moura, Zezé Motta, Djalma Corrêa e Jorge Degas)
(1980) Djalma Corrêa
(1984) Djalma Corrêa e Banda Cauim
(1984) Xingú: Guitar & Percussion
(1993) The Caju Collection - O Melhor da Música Instrumental Brasileira
(2001) Jazz Lounge, Volume 3: In a Latin Mood Compilation

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Trio Ternura

Um dos mais importantes grupos vocais do Brasil, formado pelos irmãos Jurema Lourenço da Silva (07/11/1946), Robson Lourenço da Silva (24/08/1951 – 25/12/2011) e Jussara Lourenço da Silva (17/05/1953).

Nascidos no Rio de Janeiro, cresceram no suburbano bairro de Realengo (zona oeste da capital carioca), onde muito cedo iniciaram carreira. Filhos do compositor Umberto Silva, autor de clássicos como o bolero “Ninguém é de ninguém”, imortalizado na voz de Cauby Peixoto e a marcha carnavalesca “Até quarta-feira”, entre outros.

O nome Trio Ternura foi sugerido pela amiga Lilian Maria, filha de Almeida Rego, outro importante compositor da época. Estrearam em disco pela gravadora Musidisc com a música "A raposa" em 1966, influenciados pelo sucesso do Trio Esperança. Logo depois estouraram nas paradas com a música "Volta meu amor" (versão para Changes, de Phil Ochs).

No ano seguinte já mostravam a tendência e afinidade com a Soul Music com a gravação de "Lindo" (versão do clássico 'Groovin', original do grupo vocal americano The Young Rascals).

Em 1968 lançaram "Nem um talvez" (de autoria do pai Umberto Silva e Theresinha Curtis) que, rapidamente se tornou o maior sucesso da carreira do Trio, lhes dando as credenciais para lançar o primeiro LP. Logo despertaram a atenção do cantor Roberto Carlos, que se encantou com a interpretação de "Nem um talvez" e os convidou para participar de seu Programa Jovem Guarda, na TV Record.

Com o prestígio alcançado após esse sucesso, ingressaram na gravadora CBS, onde surgiram outros êxitos como "Não brinque com o amor", "Eu sou de você", "Não vou brigar com você" e outras, participando inclusive da famosa coletânea "As 14 Mais".

Em 1970 acompanharam o cantor Toni Tornado no 5º F.I.C. (Festival Internacional da Canção) e saíram vitoriosos com a "BR-3" (de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar). A partir daí entraram de cabeça no "Universo Soul".

No ano de 1971 lançaram um LP fortemente influenciado pela Soul Music com direção artística de Raul Seixas e que se tornou um clássico. No mesmo ano venceram novamente o F.I.C. em sua 6ª edição com a canção "Kyriê" (autoria de Paulinho Soares e Marcelo Silva).

Na gravadora Polydor emplacaram com "Kyriê" e, em 1973 com "A gira" (música de inspiração Umbanda, composta por Umberto Silva em parceria com Beto Scala, irmão do Trio, que fez carreira solo de grande sucesso nos anos 70).

Em 1974, com a entrada dos irmãos Léo e Zé Roberto, o grupo se tornou Quinteto Ternura, registrando um memorável LP pela RCA Victor.

Encerraram suas atividades ainda no final da década de 70, deixando importante contribuição para a nossa música.

A partir de então, Jurema e Jussara, que já conciliavam a carreira do grupo com gravações acompanhando diversos cantores no vocal, intensificaram as atividades de backing-vocal para grandes nomes da MPB, como: Cazuza, Elba Ramalho, Ana Carolina, Beth Carvalho, Mart'náliae vários outros. Jussara em paralelo, também se dedica a carreira solo e Robson infelizmente faleceu em 2011.
 

Dina Di

Se hoje temos Negra Li ou Karol Conka, devemos agradecer à atitude de Dina Di, que se levantou e subiu no palco de calça larga e tranças trazendo um RAP de compromisso para um público que não estava acostumado a ouvir uma voz feminina por trás do microfone.

Nascida em Campinas, com todos os problemas familiares possíveis, sem pai na criação e fugida de casa aos 13, Dina Di encontrou tudo que teve na mente engatilhada e no microfone na mão, mas não foi muito, passou muita fome, comia um prato por dia quando muito e morava de favor na casa dos outros.

Tinha medo de ser ‘apenas’ Viviane, sem currículo pra não conseguir nem ser empregada como ela dizia, medo de deixar de ser a rapper que movimentava o público.

“Não cheguei a conviver com a Dina Di, mas sempre fui fã dessa guerreira. Uma mulher de muita luta, fibra, que sempre foi linha de frente e nunca deixou a peteca cair. Ela foi um exemplo de poesia positiva que levou e ainda vai levar esperança para muita gente. Pena que, em vida, ela não recebeu o reconhecimento à altura do que merecia.”
(Criolo Doido)

Fazia questão de explicar suas roupas folgadas no estilo masculino, óculos e boné. Explicava que se trajava daquela maneira para que os manos que acompanhavam seu show não olhassem pra sua bunda, mas sim ouvissem o seu som.

Encontrou-se no grupo Visão de Rua, e na sua música contou a realidade sofrida, relatava todas as histórias as quais passou.

Abandonou a escola na terceira série ao fugir de casa, mas não a escrita. Mesmo com problemas de dicção, trocando r e s, fazendo confusões silábicas, não deixou de demonstrar sua qualidade poética.
Mas não foi só sofrimento sua inspiração, Dina Di encontrou o amor em Thock (Chucky), o qual conheceu na adolescência, época de aventuras e paixões, as quais levaram o seu companheiro a ser condenado à prisão, e fazer o relato retratado na música voltar ao sofrimento, mas agora o sofrimento que se enfrenta ao acompanhar o vão que se tem entre as grades.

Dina Di foi uma das melhores rappers a retratar o que é visitar um detento sendo mulher, tanto em depoimentos em entrevistas, quanto na sua poesia. Relatando desde detalhes claros até sentimentos íntimos, suas músicas demonstraram tudo o que envolve ser mulher de um presidiário.

Levantou a cabeça em cima do palco para o movimento feminino em cima do palco, fazendo a diferença desde o começo, falando contra o movimento ser dominado pelos homens, falando que nunca ‘pagou pau pra homem’, que é aficionada por Racionais, mas não respeita Mano Brown chamar uma mulher de vadia em suas letras ou mesmo não falar de sua mulher nas mesmas.
Sendo indicada a alguns prêmios, tendo como destaque ter vencido o prêmio Hútuz, também tocando com o grupo RZO, lançando seus discos e vendendo boné, camisa do Visão de Rua, conseguiu seguir em frente e se erguer na vida pessoal, se desvencilhando de vícios antigos e descobrindo novas felicidades.
Casou-se no Sesc Itaquera com o seu companheiro, que neste momento havia conseguido a liberdade. Se erguendo, Dina Di estava se realizando, e estava prestes a aproveitar uma de suas maiores realizações, que seria a maternidade da pequena Aline.

“Essa notícia foi um baque e deixou meu sábado muito triste. Dina Di foi uma grande representante do rap feminino e brasileiro. Uma guerreira muito importante, que fez as mulheres ganharem mais respeito na cena. Com a perda dela, todos nós perdemos um pouco da nossa força. Espero que, agora, ela consiga a paz que todos nós procuramos.”
(Thaide)

Quando em um trágico dia pro RAP, pra música nacional e principalmente para a recém-nascida Aline, Dina Di faleceu devido a uma infecção hospitalar contraída no parto.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Pixinguinha

Alfredo da Rocha Vianna Filho, conhecido como Pixinguinha (Rio de Janeiro, 23 de abril de 1897 — Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1973), foi um maestro, flautista, saxofonista, compositor e arranjador brasileiro.
No estúdio da Rádio Mayrink Veiga, 1932, o jovem Manuel de Nóbrega, aos 19 anos (2º em pé da esq para dir) Carmen e Aurora Miranda (sentadas) segurando a flauta Pixinguinha.
Pixinguinha é considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva.
Pixinguinha era filho do músico Alfredo da Rocha Vianna, funcionário dos correios, flautista e que possuía uma grande coleção de partituras de choros antigos. Aprendeu música em casa, fazendo parte de uma família com vários irmãos músicos, entre eles o China (Otávio Vianna). Foi ele quem obteve o primeiro emprego para o garoto, que começou a atuar em 1912 em cabarés da Lapa e depois substituiu o flautista titular na orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco. Nos anos seguintes continuou atuando em salas de cinema, ranchos carnavalescos, casas noturnas e no teatro de revista.

Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, muito ativo a partir de 1919. Na década de 1930 foi contratado como arranjador pela gravadora RCA Victor, criando arranjos celebrizados na voz de cantores como Francisco Alves ou Mário Reis. No fim da década foi substituído na função por Radamés Gnattali. Na década de 1940 passou a integrar o regional de Benedito Lacerda, passando a tocar o saxofone tenor. Algumas de suas principais obras foram registradas em parceria com o líder do conjunto, mas hoje se sabe que Benedito Lacerda não era o compositor, mas pagava pelas parcerias.

Quando compôs "Carinhoso", entre 1916 e 1917 e "Lamentos" em 1928, que são considerados alguns dos choros mais famosos, Pixinguinha foi criticado e essas composições foram consideradas como tendo uma inaceitável influência do jazz, enquanto hoje em dia podem ser vistas como avançadas demais para a época. Além disso, "Carinhoso" na época não foi considerado choro, e sim uma polca. Outras composições, entre centenas, são "Rosa", "Vou vivendo", "Lamentos", "1 x 0", "Naquele tempo" e "Sofres porque Queres".

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Renato Bráz - Outro quilombo

Ponta de pedra, costeira, perau, quebra mar
Mangue, colônia pesqueira, pontal do pilar
Barro, sapê e aroeira é a casa de lá
Bule de flandres, esteira, moringa e alguidar
Beira de mar

Praia de areia de ouro de alumiar
Luz de vaga-lume, estrela, candeia e luar
A lua cheia se mira nas águas de lá
Lá que a sereia costuma surgir pra cantar
Beira de mar

Cada negro olhar
Sangue de África
Centro de aldeia, bandeira, nação Zanzibar
Da mesma veia guerreiro do Povo Palmar
Tudo palmeira de beira de mar
Tudo palmeira de beira de mar
Tudo palmeira de beira de mar

domingo, 29 de outubro de 2017

Mano Brown

Pedro Paulo Soares (São Paulo, São Paulo, 1970). Rapper, compositor e líder dos Racionais MC’s. Cresce na zona sul de São Paulo, na região dos bairros Capão Redondo e Parque Santo Antônio. Filho de mãe negra e pai branco, é criado pela mãe, Ana Pereira Soares. Em 1986, ganha o apelido Brown nas rodas de samba, em que toca repique de mão e faz algumas batidas inspiradas no funk norte-americano. Os companheiros da roda, então, comparam-no a James Brown (1933-2006). Escreve a primeira letra de música aos 17 anos. A composição, “Terror da Vizinhança”, não é gravada. No mesmo período, frequenta o Metrô São Bento, onde acontecem os encontros entre os artistas de rap de São Paulo. Forma a dupla de rap BB Boys com o amigo de infância Paulo Eduardo Salvador (1970), o Ice Blue. Os BB Boys participam de alguns concursos e eventos e chamam a atenção do público, com suas letras que descrevem o cotidiano violento da periferia. Brown inspira-se em Thaíde (1967) e outros compositores que frequentam a São Bento (praça da estação de trem do metrô de São Paulo, ponto de encontro, nos anos 1980 e 1990, de jovens que se reúnem para dançar e fazer rap). Thaíde é um dos primeiros rappers brasileiros que ele vê cantar na televisão e que esboça uma crítica social em suas letras. Mano Brown inicia a transição para um discurso mais engajado.

Mano Brown e Ice Blue conhecem Edi Rock [Edivaldo Pereira Alves, (1970)] e KL Jay [Kleber Geraldo Lelis Simões (1969)] no fim dos anos 1980 e os quatro se juntam para formar os Racionais MC’s. A coletânea Consciência Black lança as primeiras músicas do grupo: “Pânico na Zona Sul” (de Mano Brown) e “Tempos Difíceis” (de Edi Rock). O grupo grava cinco discos: Holocausto Urbano (1990), Escolha Seu Caminho (1993), Raio X Brasil (1994), Sobrevivendo no Inferno (1997) e Nada Como Um Dia Após o Outro Dia (2002).

Mano Brown destaca-se como principal compositor e autor dos clássicos que marcam cada fase dos Racionais: “Pânico na Zona Sul”, “Fim de Semana no Parque” , “Capítulo 4, Versículo 3”, “Fórmula Mágica da Paz”, “Diário de um Detento”, em parceria com Jocenir Prado (1950), “Vida Loka”, “Eu Sou 157”, “Jesus Chorou” e, em parceria com Edi Rock, “Voz Ativa”, “Homem na Estrada”, “Negro Drama”.

Como produtor, participa dos discos Provérbios 13, do grupo 509-E, lançado em 2000, e Supernova Samba Funk, da Banda Black Rio, lançado em 2011.

Sem lançar disco com os Racionais desde 2002, Brown cria o coletivo Big Ben Bang Johnson, em 2009, com outros artistas de rap, como Ice Blue, Helião, Sandrão e DJ Cia (integrantes do grupo RZO), Dom Pixote e Du Bronx (integrantes do grupo Rosana Bronx). O grupo não tem formação nem repertório fixos e apresenta-se regularmente na noite paulistana.

Em 2010, Brown participa da gravação de uma versão da música “Umbabarauma”, de Jorge Ben Jor (1942), em uma ação promocional de material esportivo para a Copa do Mundo daquele ano. Dois anos depois, compõe “Mil Faces de um Homem Leal” (Marighella), para um documentário sobre o guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969), do diretor Silvio Tendler (1950).

Análise
Mano Brown é um dos artistas mais importantes do rap brasileiro, o que estabelece um estilo dentro do gênero. Suas letras registram a linguagem do jovem morador da periferia paulistana, no uso das gírias e vocabulário. É seguido por uma legião de fãs, que reconhecem nele uma voz que os representa na sociedade.

Suas letras retratam situações cotidianas da periferia paulistana e, muitas vezes, ele se coloca no papel dos personagens marginalizados nas músicas que canta. “Homem na Estrada” retrata a dificuldade de um ex-presidiário em retomar uma vida social digna. “Diário de Um Detento”, por sua vez, narra, em primeira pessoa, os acontecimentos referentes ao massacre do Carandiru, que resulta na morte de 111 presos, sob a ótica de um detento (Jocenir Prado, coautor da música). “Tô Ouvindo Alguém me Chamar” traz os conflitos morais de um traficante de drogas e “Artigo 157” é o relato do dia a dia de um assaltante.

A escrita detalhada, a presença de um narrador e a sequência cronológica fazem com que alguns de seus raps sejam comparados com as narrativas jornalística e cinematográfica. A fluência com que canta é reconhecida graças ao ritmo e harmonia, com divisões próprias e timbre de voz potente.

Seu estilo de compor, inicialmente, apresenta uma mensagem direta, com poucos versos, como o rap “Pânico na Zona Sul”, e influências do discurso do líder negro norte-americano Malcolm X (1925-1965), citado na letra de “Voz Ativa”:

Precisamos de um líder de crédito popular
Como Malcolm X em outros tempos foi na América
Que seja negro até os ossos, um dos nossos
E reconstrua nosso orgulho que foi feito em destroços.

A partir do disco Raio X Brasil, escreve letras mais longas e propõe que o ouvinte tire suas próprias conclusões sobre o significado delas. No disco Sobrevivendo no Inferno, em músicas como “Diário de um Detento” e “Tô Ouvindo Alguém me Chamar”, Brown narra experiências em primeira pessoa com letras ainda maiores. Em “Nada Como um Dia Após o Outro Dia”, o rapper segue fiel ao método detalhista, mas traz reflexões novas sobre o sucesso artístico e a aparência.

Depois do lançamento de Sobrevivendo no Inferno, Mano Brown reconhece essa diferença no processo criativo, em entrevista para a revista Caros Amigos. Afirma rejeitar músicas como “Pânico na Zona Sul” e “Voz Ativa” que, segundo ele, são “confusas”, compostas com receio do uso de gírias e palavrões que o distanciam do público.

O discurso e a postura do rapper mudam com o tempo. Nos primeiros anos de carreira, ele defende a atitude radical dos Racionais MC’s de fazer shows apenas para o público pobre e não conceder entrevistas à grande mídia. A partir dos anos 2000, ele abre exceções a veículos como a revista Rolling Stone Brasil (2009 e 2013), Jornal da Tarde (2006) e programas da TV Cultura, como Ensaio (2003) e Roda Viva (2007). Neste mesmo período, tornam-se mais comuns as apresentações do grupo em clubes de classe média e alta, pelo dinheiro pago nestas ocasiões. A gravação de “Umbabarauma”, promovida por uma grande marca de material esportivo, é justificada pelo cachê pago, além da oportunidade de gravar em parceria com seu ídolo, Jorge Ben Jor (1942).

A influência de Jorge Ben Jor é a mais marcante na obra de Mano Brown e reflete-se em sua vida pessoal. O nome de seus filhos são homenagem ao ídolo: Kaire Jorge e Domênica (Ben Jor tem uma música chamada “Domenica Domingava Num Domingo Linda Tôda de Branco”, gravada no disco Força Bruta, de 1970). Além disso, Ben Jor é citado na obra dos Racionais em outros momentos: versos dele são sampleados (extraídos e reeditados) no refrão de “Fim de Semana no Parque”; a música “Jorge da Capadócia” é regravada pelo grupo no disco Sobrevivendo no Inferno; e Ben Jor participa do primeiro DVD do grupo, Mil Tretas, Mil Trutas. No programa Ensaio, da TV Cultura, Brown cita também Benito di Paula (1941), Agepê (1942-1995), Roberto Ribeiro (1940-1996), Luiz Ayrão (1942) e Fundo de Quintal como referências. O grupo de rap norte-americano Public Enemy e o artista jamaicano Bob Marley (1945-1981) também são inspirações. Brown refere-se ao músico de reggae como “filho de pai branco e mãe negra, como eu. Era um cara que ficou rico morando dentro de uma favela”, em entrevista a Caros Amigos, em 1998.

As duas participações dos Racionais MC’s na Virada Cultural são marcadas por discursos de Mano Brown. Em 2007, antes do confronto entre público e polícia, ele tenta apaziguar os ânimos dos fãs. Dirige-se a um policial que, supostamente, abusa da violência durante o tumulto. Depois de seis anos afastado do evento, o grupo volta em 2013 em apresentação sem ocorrências policiais. Brown, no entanto, aproveita a ocasião para opinar sobre cenas que ele presencia na madrugada anterior:

Estive ontem de noite aqui, sou da rua, vi muita covardia no centro. Todo mundo fala da polícia, do sistema, mas eu vi vários malucos roubando. [...] O que eu vi ontem tá longe de ser evolução. O rap precisa de gente de caráter, não de malandrão.

Episódios como esse ilustram o papel de liderança que Mano Brown exerce entre seu público.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Juçara Marçal

Juçara Marçal, dona de uma das vozes mais exuberantes do país, possui mais de vinte anos de carreira iniciada com o grupo vocal Vésper, com quem lançou quatro discos, Flor D’Elis (1998), Noel Adoniran -180 Anos de Samba (2002), Ser Tão Paulista (2004) e Vésper na Lida (2013). Com o grupo A BARCA, Juçara lançou dois discos, Turista Aprendiz (2000) e Baião de Princesas (2002), além de participar do importante trabalho de pesquisa do grupo realizado em nove estados brasileiros entre 2004 e 2005 e que resultou no registro em áudio e vídeo de mais de trinta mestres de cultura tradicional, presentes nas caixas Trilha, Toada e Trupé e Coleção Turista Aprendiz. Ao lado de Kiko Dinucci, iniciou uma parceria que há alguns anos investiga e desenvolve um trabalho a partir das tradições afro-brasileiras. Dessa parceria já foram lançados Padê (2007) e os dois discos com o grupo Metá Metá (que além de Juçara e Kiko tem em sua formação o saxofonista Thiago França), são eles, Metá Metá (2011) e Metal Metal (2012). Em 2014 Juçara Marçal lançou seu primeiro trabalho solo com o título Encarnado.

Edi Rock

Edivaldo Pereira Alves (São Paulo, 20 de setembro de 1970), mais conhecido pelo seu nome artístico Edi Rock, é um cantor e compositor paulista brasileiro.

Figura sem dúvida entre os mais importantes poetas do país, além do reconhecimento notório no Hip-Hop.

Junto com os demais membros da família Racionais, representa o que existe de mais importante na música black, sendo a história viva do rap nacional.

Escreveu algumas das maiores pérolas líricas do Rap, que narram além de fatos do cotidiano de muitas pessoas, histórias e lições de vida que tocam as pessoas que escutam. Essa, aliás, é uma particularidade sobre seu trabalho, que chegou até a narrar um acidente automobilístico em uma música, descrevendo uma fatalidade sem deixar de tornar a história triste em um aprendizado importante para seus fãs.

A desigualdade social também é alvo de suas denúncias ácidas e verdadeiras, retratando universos distintos e seus problemas sob perspectivas imparciais.

Começou sua carreira em 1984, quando fazia bailes em residências ao lado de seu companheiro DJ KL Jay e, em 1987 conhece por meio de bailes negros como Chic Show, Zimbabwe, Black Mad e Kaskatas, entre outros, da musica "Rap americana". Frequentando a São Bento do metrô conheceu o movimento "Hip-Hop", lugar de fundação da cultura e local onde frequentava, criou seu nome artísco junto com o seu amigo DJ KL jay se inspirando em rappers americanos da época como Eazy Rock, Run Dmc, LL.Cool J.,Beastie Boys e outros e logo em seguida rappers nacionais da época como Thaíde e DJ Hum, Black Juniors, Pepeu, Naldinho, Irmãos Metralha, DJ Cuca, MC Jack e DJ Ninja entre outros. Desde o início já mostrava indicações do caminho que escolheria para suas composições e produções. Em 1988 na periferia da cidade de São Paulo, ao lado do próprio KL Jay, Mano Brown e Ice Blue fundam o grupo de rap Racionais MC's, onde continua até os dias de hoje.

É convidado com frequência a palestras e debates, envolvendo os temas de suas músicas e letras inspiradas em suas experiências de vida, cotidiano e amizades. Uma frase conhecida de suas autorias "A alma guarda o que a mente tenta esquecer" é tatuada pelos fãs em sinal de admiração. Natural da Zona Norte de São Paulo bairro Jaçanã, 42 anos, tem a autoria de Edi as canções "Mágico de Oz", "Rapaz Comum", A Vida é um Desafio, Negro Drama entre outras em parceria com Mano Brown, Ice Blue e KL Jay. Gravou o seu primeiro cd solo em 1999, apresentando para os fãs revelações como SNJ no hit "Só o Pó".

Gravou e produziu mais um hit de sucesso nos bailes e rádios do gênero com DMN na faixa H. Aço concorrendo como a melhor musica e clipe pela MTV VMB, fez uma parceria com a banda inglesa Asian Dub Foundation na faixa 19 Rebellions, sobre as rebeliões orquestradas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) 2001 e seu exemplo como ação organizada contra o Estado e o Status Quo.
"That's my Way" faixa de trabalho do seu cd solo Contra Nós Ninguém Será, com participação especial de Seu Jorge, foi eleita pela Revista Rolling Stones Brasil como a 14* melhor música do ano, concorreu a melhor video clipe MTV VMB onde perdeu para "Marighella", do próprio Racionais MC's.

Seu CD solo “Contra Nós Ninguém Será”, lançado pela Bagua Records, contém 23 faixas e múltiplas parcerias de peso, como Marcelo Falcão dO Rappa e Alexandre Carlo do Natiruts em mais um hit intitulado "Abrem-se os Caminhos". 

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Raul de Souza

"A música é o real alimento da alma".

A aversão do Raul a biografias suas que começam com o clichê "nasceu-em-Campo-Grande-cresceu-em-Bangu" lembra a bronca do arquirrebelde da nossa época, Holden Caulfield, em O Apanhador no campo de centeio: "Se querem realmente saber a respeito, a primeira coisa que provavelmente vão querer saber é onde nasci, e como foi a desgraçada da minha infância, o que meus pais faziam antes de me terem, e toda aquela baboseira tipo David Copperfield, mas não estou afim disso, se querem saber a verdade." Raul é da geração dos Caufields, os rebeldes-sem-causa que adolesceram no pós-guerra e logo viram — ele com seus olhos de sábio chinês — que o mundo estava cada vez mais errado. E que providência tomou? Não saiu por aí fazendo discursos nem política, apenas botou a boca no trombone. O trombone — que surgiu na Europa lá pelos 1400s com o nome de sacabucha — é um instrumento rouco e grave, como a voz do Raul. Se o trombone não existisse, Raul o teria inventado. Aliás, inventou um trombone, que leva o seu nome: o Souzabone, com quatro válvulas, um aperfeiçoamento do trombone de três válvulas que tocou na primeira década de carreira, antes de adotar o trombone de vara. Sempre com uma ideia na cabeça: "A música é o real alimento da alma."

O Raulzinho dos primeiros anos foi um Holden Caufield. Para o Raul de Souza de hoje vou propor outro personagem: o Benjamin Button, criado por Scott Fitzgerald em 1921, e agora encarnado na tela por Brad Pitt. Este insólito Button nasce já com 75 anos — a idade atual do Raul — e vai ficando mais moço a cada ano, refazendo sua vida às avessas. Para evitar um perfil linear — a música do Raul é tudo menos linear — vamos caminhar então para o passado, até quando o nosso herói nasce, finalmente, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, filho de um pastor evangélico, crescendo em Bangu, onde aprende bumbo, pandeiro, caixa e prato e, aos 16 anos, passa a tocar tuba na banda da fábrica de tecidos famosa. Surreal não é? Mas existe coisa mais surreal do que o Raulzinho que conheci há 50 anos em Curitiba, envergando a farda azul da Aeronáutica? Sempre com o trombone debaixo do braço, à procura de almas irmãs na noite fria, juntando-se à turma da Gazeta do Povo, ao contista Dalton Trevisan e ao futuro cineasta Sylvio Back, para quem Raul (com o pianista Guilherme Vergueiro, só trombone e piano) faria a trilha do filme Lost Zweig, em 2002. Querem coisa mais surreal do que o Raul singrando de pedalinho um lago do Passeio Público, trombone em punho, fazendo serenata para um búfalo aquático?

Tive a felicidade de presenciar o momento exato do rejuvenescimento de Raul em dezembro de 2008, na turnê Circular BR, em que tocou com o trio do gaitista Gabriel Grossi. Assisti à metade dos seis shows: o primeiro no Rio, o segundo em Curitiba (onde eu lançava o livro Improvisandosoluções, que dedica um capítulo a Raul), e o último em Niterói. Ele talvez tenha começado a rejuvenescer uma semana antes, no Sarau da Pedra, na Urca, onde lançou seu CD Bossa eterna com o João Donato. Viajando um pouco no tempo, também poderia ter sido na turnê de lançamento do CD Jazzmim, com os musicos Jeff Sabagg ( teclados) , Glauco Solter ( baixo), Endrigo Bettega( bateria) e Mario Conde ( guitarra) . Quatro jovens de Curitiba que Raul conheceu no Chivas Jazz Festival de 2004 e adotou como filhos, fazendo questão que o acompanhassem até num festival na Ilha da Reunião, nas lonjuras do Oceano Índico. (Muito forte essa ligação de Raul com Curitiba, que o marcou nos seis anos (1958-63) que lá passou, casou e fez filhos e amigos.

Vamos zonear de vez a cronologia. Verão de 1964: morando em Londres, de férias no Rio, revejo Raul no Beco da Garrafas, com o sexteto de Sérgio Mendes, que o levaria pela primeira vez ao exterior. Tomou gosto pelas viagens ao exterior e, depois de gravar seu primeiro LP como solista, À vontade mesmo, voltou à Europa, onde tocou no Blue Note de Paris com o famoso baterista do bebop, Kenny Clarke. Em 1967, Raul está tão cotado que ingressa no RC-7, a banda que acompanha Roberto Carlos, e chega a aparecer no filme do "Rei", Em ritmo de aventura. Funda o grupo instrumental Impacto 8 e grava mais um disco. Parte para o México com o SamBrasil. Em 1973, faz uma turnê pelos Estados Unidos com Airto Moreira e Flora Purim. Nesse ano, Airto produz Colors, o primeiro álbum americano de Raul, pelo selo de jazz Milestone, arranjado pelo mestre trombonista J.J. Johnson, com as participações do saxofonista Cannonball Adderley e do baterista Jack DeJohnette. A partir daí é a consagração e o reconhecimento da sua arte, com o lançamento de três albuns que fazem o seu nome na América (Sweet Lucy, 1977; Don't Ask MyNeighbours, 1978; Till Tomorrow Comes, 1978), na intimidade com gigantes do jazz como Sonny Rollins, George Duke, Sarah Vaughan, Cal Tjader, Freddie Hubbard, Hubert Laws e um de seus trombonistas favoritos da juventude, Frank Rosolino. (Raul se apresentaria em dueto com ele no Festival de Jazz de São Paulo de 1978, pouco antes da trágica morte de Rosolino.)

A consagração maior nos anos 1970 é a inserção do seu nome em The Encyclopedia of Jazzin the Seventies, dos críticos Leonard Feather e Ira Gitler, com direito a foto ostentando uma cabeleira afro, e ao verbete de 21 linhas, DE SOUZA, JOÃO JOSÉ PEREIRA (RAUL), com a data de nascimento correta, 23/8/1934. João José? O nome artístico foi dado por Ary Barroso, em cujos programas de calouros ele brilhava: "João José não é nome de trombonista. Já temos o Raulzão (Raul de Barros). Você vai ser o Raulzinho."

O coração sempre falou mais alto na vida do Raul. Em 1980, veio ao Brasil com uma banda de all stars para o Festival Rio-Monterey no Maracanãzinho e, uma vez mais, sentiu o calor do reconhecimento de seus conterrâneos. Divorciado da mulher americana em 1986, voltou ao Brasil. Um álbum mediano de 1993, The OtherSide of the Moon (em que toca saxofones alto e tenor e dá até uma de crooner cantando Abraço vazio) é plenamente compensado pelo jazzístico Rio, de 1998, em que reedita, com o trombonista Conrad Herwig, os fabulosos duetos do duo J.J.&K (J.J. Johnson e Kai Winding) nos anos 1950.

O fim do século e do milênio propiciam outra mudança de coração. O encontro com Yolaine leva Raul para Paris, onde forma uma banda familiar, fazendo mais ou menos o que Miles Davis tentou em sua fase final: um jazz mais descontraído numa atmosfera pós-fusão, ou neo-fusão. Nesta viagem em ziguezague pelo tempo — como nos filmes da série De volta para o futuro — não podemos deixar de visitar o fascinante Elixir, de 2004, em que Raul faz na última faixa, Terra, uma declaração de amor ao Brasil, "terra de samba e pandeiro", antes de embarcar num dionisíaco solo de trombone de seis minutos que é uma autêntica síntese de sua arte — bela, apaixonada e complexa. Impossível rotular sua música. Samba? Choro? Jazz? Talvez um samba mitológico, dentro da sua cabeça (como aquele dentro da cabeça de João Gilberto), uma espécie de jazzfieira, ele que gravou pela primeira vez com Altamiro Carrilho e a Turma da Gafieira. Ou, atando as duas pontas da sua carreira fonográfica, e incorporando o verdadeiro achado que é o título de seu último CD — e da sua composição que abre o disco — a Bossa Eterna de Raul de Souza.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Erlon Chaves

Erlon Chaves (São Paulo, 9 de dezembro de 1933 — 14 de novembro de 1974) foi um maestro, arranjador, pianista e cantor brasileiro.Iniciou sua carreira de cantor apresentando-se em um programa infantil da rádio Difusora de São Paulo, cantando, quando era muito menino. Foi ator mirim no filme Quase no céu. Começou seus estudos de música no Conservatório Musical Carlos Gomes, se formando em piano no ano de 1950. Estudou canto e harmonia, sendo orientado pelos maestros Luís Arruda Paes, Renato de Oliveira e Rafael Pugliese.

Com a versão do calipso Matilda de Harry Belafonte, fez sucesso no final dos anos 1950.

Trabalhou na TV Excelsior - canal 9, de São Paulo. Em 1965, foi para o Rio de Janeiro, indo para a TV Tupi - Canal 6 e a TV Rio - canal 13. Foi diretor musical da TV Rio, sendo um dos responsáveis e autor do Hino do Fic, música de abertura do Festival Internacional da Canção, em 1966. Em 1968 acompanhou a cantora Elis Regina, que iria se apresentar no Olympia, de Paris.

Em 1970, durante o V Fic, transmitido pela TV Globo, regeu um coral de quarenta vozes, que mais tarde passou a chamar-se Banda Veneno, que acompanhou Jorge Ben ou Jorge Ben Jor. Cantou a canção Eu também quero mocotó, que estava fazendo sucesso; e foi acusado de assédio moral após uma cena em que é beijado por diversas loiras em apresentação na etapa internacional. Foi acusado pela ditadura militar brasileira. Neste festival estava presente o presidente da república, general Emílio Garrastazu Médici.

A imagem do povo brasileiro feliz seria veiculada para o mundo, em cores para a Europa e Estados Unidos da América. A ditadura militar brasileira não deixa dúvida, queria manter música e o espetáculo deste festival em prol da imagem que deveria ser painel para o mundo. Nesta época, Erlon Chaves estava namorando a então Miss Brasil de 1969, Vera Fischer.

Erlon Chaves faleceu de infarto fulminante quando discutia (dizem que defendia) com um grupo de forma emocionada a polêmica em torno dos acontecimentos com o Wilson Simonal, aos 40 anos.

Trio Mocotó

O conjunto instrumental Trio Mocotó foi formado em São Paulo/SP por Fritz Escovão (Luís Carlos de Sousa, Rio de Janeiro/RJ 1943), Nereu Gargalho (Nereu de São José, Rio de Janeiro 194) e Joãozinho Paraíba (João Carlos Fagundes Gomes, São Paulo 1951).

Fritz Escovão tocava cuíca desde menino e participara de regionais e escolas de samba; Nereu Gargalho começou a tocar pandeiro aos cinco anos foi componente do G.R.E S Império Serrano; Joãozinho Paraíba chegou a bateria através do Jazz, embora também integre o Império Serrano, no Rio de Janeiro.

O trio organizou-se quando os sambistas se conheceram na boate Jogral, acompanhando outros artistas.Contudo, a carreira começou mesmo ao lado de Jorge Ben, com o grande sucesso da apresentação de Charles Anjo 45, no IV FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, em 1969.

O trio gravou, então, um compacto com a música Coqueiro verde (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), partindo logo depois para Cannes, França, onde acompanhou Jorge Ben em sua apresentação no MIDEM. Seguiu para a Itália e em 1972 excursionou pelo Japão com grande sucesso.

De volta ao Brasil, acompanhou Vinícius de Moraes, Toquinho e Marília Medalha no circuito universitário por estes organizado, e depois seguiu para o México, onde fez temporada de dois meses. O conjunto gravou, em 1973, um LP na RGE que incluía Maior é Deus (Felisberto Martins e Fernando Martins) e Desapareça (Fritz Escovão), realizando a partir de então numerosas apresentações em shows de boate ou com o cantor Jorge Ben.

sábado, 21 de outubro de 2017

Marcia Maria - LP 1978


Este álbum de 1978 de Marcia Maria já encontra o núcleo da equipe de Lincoln para a maioria das faixas desta mistura já existente. Nós temos o primeiro-companheiro Robson Jorge tocando piano e guitarras e a estrela trompetista Marcio Montarroyos. Marcio é freqüentemente apresentado nas produções de Lincoln e é ouvido durante todo este mix. Ele continuou a gravar alguns álbuns de jazz nos EUA na CBS e uma faixa com arranjos da Lincoln quase fez essa mistura. De volta a Marcia, ela é mais conhecida como cantora de samba, e muito deste disco estelar é um samba mais tradicional, mas, como essa música escrita pelo jovem sambista Leci Brandão, dança habilmente entre funk e samba com estilo e swing. Lincoln fez alguma produção já em 1976, mas para meus ouvidos, é realmente em torno de 1978 que ele retém completamente a produção e começa a criar sua tomada única e moderna na música popular brasileira.
Faixas/Tracks:

1-Tambourine (Robson Jorge, Ronaldo)-00:00
2-Gandaia (Luis Vagner, Wando)-03:34
3-Sorriso Falso (Lincoln Olivetti, Ronaldo)-05:53
4-O Jeito É Não Vacilar (Carlos Dafé, Laércio Freitas)-09:18
5-Rasgando O Pano (Beto Scala, São Beto)-11:20
6-Pra Comigo Fazer (Djavan)-13:56
7-Amigo Branco (Leci Brandão)-17:11
8-Quero De Volta O Meu Pandeiro (Ivan Lins, Ronaldo Monteiro De Souza)-20:38
9-Pensar (Martinho Da Vila)-24:37
10-De Pé, De Mão Ou De Bico (Paulinho Camafeu)-28:20
11-Uma Vida Sem Amor (Dom Carlos)-31:21
12-Girandê (Aluisio, Edson)-34:14

Produtor/Producer – Carlos Lemos
Arranjos de/Arranged By – Lincoln Olivetti

Músicos/Musicians:
Afoxé – Ariovaldo, Hermes (6)
Agogô – Ariovaldo, Hermes (6)
Alto Saxophone – Ricardo
Backing Vocals – Carlos Lemos, Jurema, Jussara, Robson Jorge, Ronaldo, Suzana
Baritone Saxophone – Aurino
Bass/Baixo – Paulo Cesar
Berimbau – Picole
Bongos – Ariovaldo, Hermes (6)
Clarinet/Clarinete – Netinho (2)
Clavinet/Clavinete – Lincoln Olivetti
Drums/Bateria – Renato Britto
Electric Piano/Piano Eletrico – Lincoln Olivetti
Flute/Flauta – Ricardo
Guitar/Guitarra – Robson Jorge
Keyboards/Teclados – Lincoln Olivetti
Maracas – Ariovaldo, Hermes (6)
Pandeiro – Ariovaldo, Hermes (6)
Piano – Robson Jorge
Soprano Saxophone – Netinho
Tamborim – Ariovaldo, Hermes (6)
Tenor Saxophone – Ze Bodega
Trombone – Ed Maciel
Trumpet/Trompete – Marcio Montarroys, Maurilio

Xis

Marcelo dos Santos, mais conhecido pelo codinome Xis (São Paulo, 24 de novembro de 1972), é um rapper brasileiro.
Oriundo de Itaquera (mais precisamente em Vila Formosa), bairro da zona leste da capital paulista, Xis deu início à sua carreira musical em 1992, ao criar o grupo de rap DMN. Na época, atendia pela alcunha de X Ato. Deu o primeiro passo para a carreira solo em 1997, quando gravou o compacto De Esquina, em parceria com o rapper Dentinho e produzido por DJ Hum. Permaneceu no DMN até 1999, quando decidiu finalmente seguir a carreira solo.
Em 2000, lançou seu primeiro CD: Seja Como For, inicialmente pela gravadora 4P (que significa "Poder Para o Povo Preto"), a qual Xis criou em parceria com KL Jay, do grupo Racionais MC's. Com o sucesso crescente da música Us Mano e As Mina, recebeu da gravadora Trama um contrato de distribuição do disco. Além do contrato, a música rendeu a Xis o prêmio de "Melhor Videoclipe de Rap" no Video Music Brasil daquele ano.
Em 2001, lançou seu segundo álbum, Fortificando a Desobediência, pela Warner Music.
Participou da segunda edição da Casa dos Artistas, em 2002. Porém, no 21º dia de confinamento, abandonou a casa, devido à entrada de novos participantes do programa. No mesmo ano, conquistou seu segundo troféu de "Melhor Videoclipe de Rap" no VMB.
Em 2008, foi contratado para apresentar o programa Combo Fala + Joga da PlayTV no lugar de Luciano Amaral. O programa também é exibido pelo canal Oi e é um sucesso.
Em 2005, Xis foi contratato pela Radio MixFm pra apresentar o programa Hip-Hop Mix no qual continua até hoje, tendo grande audiência.
Também em 2005, Xis era apresentador do programa Blog 21 da Rede 21 onde passava clipes e noticias do mundo da musica saiu quando a Rede foi vendida a Rede Bandeirantes de televisão.

KL Jay

 Kleber Geraldo Lelis Simões começou sua carreira em 1984, quando fazia bailes em residências na zona norte da cidade de São Paulo, ao lado de seu atual companheiro no grupo Racionais MCs, Edi Rock.
Anos depois, após ter visto um vídeo com a performance de um dos mais importantes nomes do cenário hip-hop, o DJ Cash Money, Kl Jay se identificou com a arte dos toca-discos.
Mas foi somente após ter presenciado os scratches  do DJ EASY LEE, dj do rapper Kool Moe Dee, em um show no Clube House em Santo André (SP), é que teve a certeza: “Eu sou isso”. Juntamente com Edi Rock, Mano Brown e Ice Blue, fundou o Racionais MCs no fim dos anos 80.
Com o rapper Xis criou a gravadora que depois se tornou produtora de eventos e confecção, a 4P. Foi nessa gravadora que também lançou seu álbum solo “Na Batida volume 3 – Equilíbrio, a busca”, em 2002, que conta com a participação de vários artistas. Ao lado de Xis, Kl Jay produziu por 10 anos o mais importante campeonato de DJs do país – O HIP HOP DJ –, que revelou renomados nomes como Cia, King, Marco, Nuts,Tano, Hadji, Will, Ajamu, Erick jay, Rm entre outros.
Kl Jay é  sócio da gravadora “Cosa Nostra”,  juntamente com o Racionais MCs, e possui um selo individual, o Equilíbrio, que já lançou os álbuns dos grupos Sistema Negro, Cagebê e Relatos da Invasão.
Foi apresentador do YO! MTV RAPS; discotecou de 1994 a 1996 na badalada Soweto, casa noturna que marcou a cultura hip-hop em São Paulo; tocou no Clube da Cidade de Diadema/SP entre 1999 e 2002.
Em 2008 lançou mais um trabalho solo, a fita mixada “Rotação 33”.
Atualmente, se apresenta todas as quinta-feiras junto com os DJs Ajamu, Marco e Will, no Sintonia.
Prêmios: KL Jay é um dos Djs de rap mais premiados no país. Venceu no Prêmio Hutúz por seis vezes, em diferentes categorias. Em 2000 venceu como Personalidade do Ano.  Em 2001 como Produtor Musical, em 2002 como Dj de Grupo e Produtor Musical e em 2009, Melhor  DJ da Década, ao lado de Cia e Dj Hum e como Melhor Produtor Musical da Década, ao lado de DJ Raffa e Erick 12.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Fábio Stella

Juan Senon Rolón (Orqueta, Paraguai, 9 de fevereiro de 1946) mais conhecido simplesmente como Fábio, é um cantor paraguaio naturalizado brasileiro e radicado no Brasil.

Estourou nas paradas de sucesso com Stella, gravada em 1969. Com Tim Maia chegou a compor alguns sucessos, e ao longo da carreira gravou 23 discos, conquistando importantes prêmios.

Também é conhecido por gravar vinhetas para a Rádio Globo do Rio de Janeiro, em que diz, com eco, o nome da emissora, precedido de um assovio; e dos times cariocas de futebol. Todas essas vinhetas até hoje estão no ar.

Atualmente reside na cidade do Rio de Janeiro.

Na década de 1960, aos 16 anos de idade, convenceu a mãe a deixa-lo estudar em São Paulo, onde foi levado para fazer um teste para participar do programa "Alegria dos bairros", na Rádio Record, pelo cantor paraguaio Frankito. Aprovado no teste, passou a trabalhar no programa. Ainda atuando como "Juancito", em seguida passou a cantar na noite paulistana. Atuando na boate Cave, conheceu Tim Maia, de quem se tornou grande amigo, e que o apresentou à soul music.

Fábio Stella - cantor e compositor que agregou ao nome artístico o título de seu único grande sucesso - continua evocando a figura de seu amigo Tim Maia (1942 - 1998).

Após editar o livro Até Parece que Foi Sonho, em que narra suas aventuras com o Síndico, o bom cantor lança o CD Meu Jovem Amigo.

A faixa-título é um recado a Tim. Entre inusitado bolero, Inolvidable, o repertório inclui regravações de Risos (parceria de Fábio com Paulo Imperial, gravada por Tim Maia nos anos 70) e Preciso Urgentemente Falar com Cassiano, tema cujo título é um recado para o outro grande gênio temperamental da soul music nacional.

Nos anos 90 saiu uma coletânea pela PolyGram (hoje Universal) intitulada Velhos camaradas, com os grandes sucessos de Tim Maia, Cassiano e Hyldon, tidos como o tripé da música negra nacional.

Fábio, cantor que esteve junto dos três em vários momentos - e também gravou algumas coisas na PolyGram, nos anos 70 - não teve nenhuma música incluída no disco. Há motivos para isso: o sucesso não bateu muitas vezes na porta do cantor, que após se dar bem com a breguinha "Stella", no começo dos anos 70, passou um bom tempo desaparecido.

Lá por 1978, empresariado por Carlos Imperial, ele chegou a retornar como "o rei das discotecas" e até gravou, ironicamente, o hit que daria o nome para a tal coletânea da PolyGram, "Velho camarada", com participação justamente de Hyldon e Tim (na mesma época, o cantor de "Primavera" ainda daria uma força em outro hit de Fábio, "Até parece que foi sonho"). Mas de modo geral, não teve o mesmo alcance.

Durante sua carreira, Tim Maia teve uma relação bem próxima com Fábio - que diversas vezes entou em ação para resolver problemas, fazer vontades ou participar de shows de Tim (no curta-metragem Tim Maia, feito em 1984 por Flávio R. Tambellini, é possível ver Fábio carregando a maletinha com o uísque de Tim, num show no Cassino Bangu).

Agora, no curtinho livro Até parece que foi sonho - Meus trinta anos de amizade e trabalho com Tim Maia (Matrix Editora, preço médio de R$ 23,00), Fábio, com a ajuda do escritor baiano Achel Tinoco, conta histórias do cantor e fala sobre sua relação com ele. É um livro de memórias - ou seja: não há uma grande pesquisa jornalística e boa parte dos fatos podem ter sido distorcidos e perdidos com o tempo. Alguns momentos podem dar um nó na cabeça do leitor - graças a falta de datas importantes e à pouca precisão no acompanhamento do pula-pula de Tim entre gravadoras.

Mas a idéia, ao que parece, é narrar apenas a "experiência" de Fábio com o Tim Maia, e isso o cantor de "Stella" tem de sobra para mostrar. Para quem quiser mais apuração, a biografia de Tim feita por Nelson Motta, que está vindo por aí, já promete mostrar sua vida, detalhadamente.