quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Taxi

Imagina um disco reunindo os melhores da black music brasileira numa gravação. Não é sonho. Isto aconteceu no álbum do grupo Taxi, lançado em 1979 pelo selo Kelo Music, subsidiária da K-Tel que na década de 1970 inundou o mercado com diversas coletâneas, a maioria de mau gosto. Entre as feras que deixaram sua marca nesses dois álbuns memoráveis da Soul Music nacional estão o mago dos estúdios Lincoln Olivetti, anos luz na arte de produzir bons discos e CDs, o excelente contrabaixista Jamil Joanes da Banda Black Rio, o guitarrista Robson  Jorge e o baterista Picolé entre outros.
 O vocal do Taxi era de grande qualidade: Camarão, irmão do soulman Cassiano, trabalhou na banda Vitória Régia de backing vocal, fazendo as músicas românticas de Tim Maia ficarem mais bonitas nas apresentações ao vivo. Tanto Max quanto Aladim eram excelentes vocalistas. Infelizmente a tragédia não permitiu que o grupo Taxi desfrutasse do sucesso. Max se matou antes de sair o segundo álbum. Amaro acabou morto numa discussão dentro de um bar. Aladim, em 1998, morreu de câncer. Camarão também já é falecido. Deste excelente trio vocal, não há mais nenhum componente vivo. Permanece apenas a ótima qualidade de uma Soul Music, que anos depois a Motown Records, nos Estados Unidos, tentou reviver com o conjunto De Barge.
Naquela época, o Brasil vivia o auge do movimento Black. As equipes Chic Show, Tranza Negra, Sideral, Zimbabwe, Black Mad, Circuit Power, Soul Grand Prix e Cash Box (ambas do Rio de Janeiro) faziam bailes concorridos, onde não faltavam atrações nacionais e internacionais. Em 1978, a Chic Show trouxe James Brown ao ginásio do Palmeiras, Sideral quase emplaca Billy Paul no ginásio da Portuguesa, no mesmo ano, caso não fosse prejudicada por um mau empresário. Tim Maia, Carlos Dafé, Fábio, Cassiano, Banda Black Rio, Gerson King Combo, Placa Luminosa, entre outros grupos eram a nata da Soul Music nacional, assim como o Funk dos Estados Unidos.
É neste contexto que aparece o Taxi, trio formado pelos vocalistas Amaro, Max e Camarão. Todos experientes na arte de cantar Soul, Funk e baladas no estilo R&B. Na linha da black music norte-americana, lançaram dois álbuns, todos recheados de ótimas canções, daquelas para dançar de rosto coladinho, com o tempo necessário para passar telefone, pegar endereço e sair acompanhado da festa.
O primeiro hit  a explodir nos bailes foi "Pode Chorar" (1979). Autêntica balada no estilo Soul Music para nenhum jovem dos guetos de Nova York, Los Angeles, Chicago, Detroit, Atlanta ou Filadélfia botar defeito.
No segundo álbum (1980) apresentaram "Canção de Amor", autoria do tecladista Michel que tocava na banda  Vitória Régia, responsável pelo som nota 1000 de Tim Maia. Ele dificilmente faltava aos bailes blacks, principalmente os realizados no Palmeiras. Nesse mesmo disco estavam outras pérolas, como "Bobeira" de Amaro, Camarão e Aladim, Funk romântico em sintonia com conjuntos iguais a Harold Melvin and The Blue Notes, responsável por milhões de discos vendidos nos Estados Unidos na década de 1970. O hit " Amor não Vai Faltar", autorias de Paulo Sérgio Vale, Amaro, Camarão e Aladim, é o velho Soul, com batida brasileira, lembrando o estilo da Earth, Wind & Fire, trazida pela Chic Show, no início de 1980 para shows no ginásio do Ibirapuera.

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